terça-feira, 14 de agosto de 2012

Reencontro


Juro, não esperava. Sabia, pois. Poderia acontecer a qualquer momento. 

Passado o primeiro choque, milhões de flashes ejetavam fotografias na minha mente. Havia tempo. Muito tempo que não nos víamos. 

Não era verdadeiramente tanto. Mas parecia.

Ela estava como sempre. Morena, bela. Gostosa, sim!

Mesmo sem querer (querendo), o olhar permaneceu fixado nela. Não havia me notado, parecia distraída, lá no fundo. Mania de ficar no canto. Mais escuro. Reservado. Gélido.

Finalmente! Os olhares se cruzaram.

Não esboçou reação. O ambiente a contagiou. Fria. Calculista. Como sempre. Sabia como me atacar: fazendo nada.

Cumprimento ou não cumprimento? Anta! Demonstre maturidade, só hoje.

Sorri. Nervoso.

Ela? Nada.

Mas também não se esquivou. Permaneceu ali, à minha vista. Ao meu deleite.

À angústia da espera, misturavam-se lembranças boas. E ruins. Por que estávamos assim, separados? 

Quem desatou o poderoso nó do nosso relacionamento? Fui eu. Fomos nós. Éramos um nó. Somos sós. Foi a vida.

Espera. Eu ainda não fui lá? Anta! Filosófica. Anta filosófica. Mas anta! Auto-xingamento? Concluído.

Fui.

Então você quer saber o que eu disse a ela?

Certo. Anota aí: N-A-D-A!

Cheguei. Segurei-a por aquela cinturinha. Linda, como sempre. E fria.

Nos olhamos longamente. Dois segundos.

Aconteceu. Com a aflição de um esfomeado, nossas bocas se chocaram. Sim, chocaram-se. Com violência. Com ardência. Com perfeição.

Com a profundidade emocional que relembrou, agora sim, somente os bons e velhos tempos.

Mesmo molhado demais. Ainda que gelado. O beijo era gostoso. Muito, aliás.

Como pode? Pensei. Que delícia!

Estava satisfeito. Pela cinturinha gelada, puxei-a para trás. As bocas desenlaçaram-se.

E só se ouviu uma voz.

“Sempre ela”.

“Sempre, coca-cola”.