sábado, 6 de julho de 2013

Sobre o Sertanejo


Arcado sobre a ponte sobre o riacho, sobre o lodo sobre os rochedos, sobre o caminho que leva a água sob as margens sob o vale, sob as vigas sob a ponte, sob Arlindo, o forasteiro sertanejo, o espelho diante da luta, atrás de labuta, lado a lado com a franqueza, abaixo da riqueza da realeza, da tristeza da avareza, da beleza de ser livre em definir o próprio destino impróprio, inócuo, incrédulo com as paisagens artificiais, irracionais, imateriais do seu povo sem futuro, sem orgulho, sem reflexo, arcado sobre a ponte, diante do horizonte, menos belo que ontem, caminhara sobre a água, sobre o lodo sobre os rochedos, sobre o caminho que não leva para casa, nem a lugar algum, a não ser ao próprio arco, ensimesmado sobre o ego, sobre o elo sobre sua existência sobre a terra, sobre o sertão sob seus pés, sobre a ponte sobre o riacho, sobre o “diacho!” diante do arco esticado com a flecha de Arlindo.