segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Das tripas coração: o jogo do “dobra dois”

Gênero: Auto-Ajuda à Auto-Ajuda
Classificação: imprópria para qualquer idade

Preço: impagável... Para todos os outros gêneros, basta uma vez o mastercard

(Segue abaixo um conto inédito, que relata a emocionante história de um ex-estagiário de carpinteiro que vira médico, reconhecido mundialmente. É também a primeira experiência (mal-sucedida) com  o gênero de "auto-ajuda" deste blog, mas Pablo Rabit certamente assinaria embaixo, do lado, em cima, onde houvesse cenoura).

Há muitos e muitos anos, em uma galáxia muito, muito distante, existia outro Planeta Terra. Nele viviam as mesmas lesmas, as mesmas pessoas, os mesmos animais, as mesmas plantas e, principalmente, os mesmos problemas da Terra situada à Via Láctea Nestle. Naquele planeta Azul, o cotidiano também era presente e as necessidades, futuras. Em uma vila, muito, muito distante, havia uma pequena empresa de carpintaria. O mestre carpinteiro, que aqui chamamos de empresário, era uma pessoa humana muito exigente (ou seja, um chefe). O aprendiz carpinteiro, que por estas bandas chamamos de estagiário estrupiado, era um rapaz muito obediente e dedicado (ou seja, um explorado pelo chefe).

Certo dia, a noite já se aproximava e, com ela, o por do sol. Quando o pequeno aprendiz acreditava já estar terminando seu expediente, eis que o chefe explorador lhe impôs uma árdua tarefa: concluir um armário gigante, do tamanho de três armários menores, para que fosse entregue antes do amanhecer ao prefeito, que por aqui chamamos de manda-chuva filho de uma égua.

Desolado, o estagiário carpinteiro argumentou que precisava ir para casa, pois tinha prova na faculdade, à noite. O chefe empresário então perguntou o que ele cursava, ao que o estrupiado aprendiz respondeu: “Meu pai nunca teve a oportunidade de estudar, tentou de tudo, até fazer das tripas coração, mas foi mal-sucedido e acabou falecendo. Por isso, estou cursando Medicina e descobrirei como fazer das tripas coração, sem morrer, para ganhar o Nobel de Medicina”.

Com lágrimas de crocodilo nos olhos, o chefe reconheceu o esforço do garoto. Era realmente um cara fora de série, o menino. Num surto de bondade, reconsiderou: “Tudo bem, imagino o quanto a faculdade é importante para você, portanto vou te pagar hora-extra, só por ficar a noite inteira trabalhando. E, por favor, nem precisa agradecer”. E lhe entregou uma nota de R$ 10,00.

O aprendiz considerou real a hipótese de acertar o martelo, que empunhava na mão direita, exatamente na nuca do chefe. Mas também reconsiderou. Pensou: “Meu pai jamais faria isso, ele faria das tripas coração”. Então, como um bom estagiário, fez o que lhe era pedido. Varou a noite serrando, pregando, lixando, esculpindo, pintando, envernizando, não necessariamente nesta ordem.

Quando o galo cantou pela primeira vez, estava pronto o armário do prefeito. Imponente e impressionantemente dentro do quadro. Como de costume, o chefe chegou atrasado ao gabinete. Quando finalmente adentrou o seu escritório, viu a nota de venda do armário sobre a mesa. Furioso, correu em direção ao maldito estagiário. “O que significa isso? Você vendou o armário do prefeito?”. Gago, o aprendiz tentou se explicar. “Vendi, sim, senhor. O senhor pode observar que a venda foi efetuada com sucesso, em dez vezes, sem....”. “O que? Você vendeu o armário caríssimo do prefeito e ainda parcelou em dez vezes?! Vou te picotar em dez vezes com serrote de tico-tico, seu moleque!”.

Sem mais, o estúpido chefe demitiu sumariamente o estagiário, que havia vendido o armário para a senhora Esmeringilda, da bodega em frente à carpintaria. Não cabia na cabeça do ilustre empresário o fato de o estagiário ter trabalhado a noite inteira para, depois, simplesmente vender o armário. E com qual permissão? E com que direito? O indignado chefe não entendia, não compreendia... Enquanto xingava com porcas e parafusos, apareceu um oficial de Justiça à sua frente. “Senhor, vim trazer-lhe esta ordem de despejo por falta de pagamento do aluguel e da conta de água”. Impávido, o outrora colosso chefe sentiu desmoronar sua grandeza por dentro. “Mas como? Eu paguei tudo o que devia”. “Desculpe senhor, ainda lhe faltam R$ 3.000,00”. “Tudo isso? É o valor de um armário enorme, do tamanho de três armários menores!”. “Sinto muito. O senhor tem dois dias. Se não pagar a dívida...”. O oficial se foi, sem completar a frase.

Aturdido, o chefe meia-boca juntou os cacos de sua faceta esfacelada e dirigiu-se, esquálido, até o porão imundo, que chama de escritório. Ao ligar a luz, levou um susto. Primeiro, pensou estar delirando. Depois, teve certeza. E por fim, abraçou seu delírio real: “Mas como pode? Um armário novo? Novinho? Prontinho para venda?”.

Segundos depois, o prefeito entra na sala. “Vim buscar minha preciosidade... É essa aqui?”, perguntou, apontando para o reluzente armário gigante, do tamanho de três menores. “Que beleza, hein? O senhor se superou, desta vez! Vou pegar desta verba da merenda escolar e te pagar à vista!”. O chefe não sabia o que pensar. Apenas agradeceu os R$ 3.500,00 pagos pelo prefeito. Ainda trêmulo, pegou seu celular e digitou os números do telefone móvel do estagiário. “Como você fez isso, moleque?”.

O estagiário estrupiado, aprendiz de carpinteiro, contou que quando era pequeno, seu pai havia lhe ensinado o truque do “dobra dois”. Era simples: “Se alguém te promete 1 Real para fazer alguma coisa, mas se essa coisa valeria o pagamento de 2 Reais, faça tão bem feito, para que valha 4 Reais. Foi o que eu fiz. Não que meu trabalho valesse tanto, mas...”. “Mas, nada! Venha aqui no escritório rapaz, preciso te pagar o que estou te devendo e ainda quero te contratar como meu sócio”. Mesmo sem entender muito bem como alguém pode “contratar” um sócio, o aprendiz foi correndo reconquistar seu emprego.

Chegando lá, o chefe apresentou a proposta: “A partir de hoje, você passa de aprendiz para sócio minoritário dessa empresa. De tudo que produzir, ficarás com 1%, descontado o imposto de renda retido em fonte, claro. Ah, e aqui está a parte que te cabe desta trabalheira toda, rapaz. Toma que é tudo seu”. E o empresário lhe pagou os R$ 30,00 que lhe faltavam e ainda pediu para que fosse à bodega da frente comprar uma cerveja para ele e, se o estagiário pagasse, poderia comprar uma coca, ou algo do gênero.

Semanas depois, a empresa faliu. Anos depois, o estagiário se formou. Décadas depois, ele virou capa de uma importante revista internacional, dedicada à publicação de grandes descobertas da Medicina. Lia-se na capa: “Ex-estagiário de carpinteiro, formado com louvor na Federal de Viçosa, morre durante tentativa de fazer das próprias tripas um coração. Temos a honra de relatar a história... Dele, cujo nome não foi revelado para evitar constrangimentos à família”. E, ao lado da chamada, um carimbo em letras vermelhas sentenciava: “Comprovado: metáforas não são cientificamente comprováveis”.

FIM.

Moral da "história" 1: o blog adianta que divertiu-se muito com esse negócio de escrever auto-ajuda. Parece ser tão fácil quanto ler um livro do gênero (e é muito mais lúdico).
Moral da “história” 2:  o blog conclui que está "perdendo de ganhar dinheiro", ao não contratar um estagiário qualquer para escrever essas coisas chamadas "textos de auto-ajuda". Contrato estagiários (pode ter nome ambíguo com mamíferos comedores de cenouras).
Moral da “história”3: o blog não tem a pretensão, somente a ambição de inventar o "auto-ajuda trocadilhex 1.0".
Moral da “história”3,5: gêneros literários à parte, tadinho do estagiário... Até para servir de crítica a alguma coisa, acaba sendo explorado.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Então é Natal e de mensagem chata também...

Natal é tempo de paz e alegria
E também de alguma hipocrisia
Pois recebemos mensagens de estranhos
Que agora mandam recados enfadonhos
Mas ao vivo não nos dão sequer bom dia

Natal é tempo de cultivar novas amizades
Certamente esse é meu maior engano
Devo amar a todos que me dizem verdades
Mas também os puxa-sacos com desejos profanos

Agradeço cada mensagem recebida
De quem me incluiu numa lista do Orkut
Seja da mais pura ou daquela melosidade descabida
Enviada por quem na verdade te vê como mamute

Tá, tudo bem, no Orkut minha foto é mais bonita
Não pareço ter engordado tanto quanto a antiga Chiquitita
Mas também não significa que preciso do seu carinho
Só deixe-me em paz e não me venha tocar o sininho
Como se fosse Papai Noel de shopping pousando pra fotinho

Natal é tempo do que mesmo? De amor e paz?
Mas preferiria que fosse assim o ano inteiro
Não traz alegria mensagem de gente incapaz
De demonstrar respeito de fevereiro a fevereiro

A mesma gente te julga “digno” de receber, eletronicamente
Mensagens impessoais “do fundo do seu coração”
Copiados da net, colados num cartão economicamente
Que pede apenas seu nome e o clique de um botão

Não recebo um abraço, felicidades ou agradecimento
O scrap mais parece um juramento de médico
Longo, chato, insosso, feito para qualquer evento
Recebido e deletado da minha vida com a mesma alegria
De uma fatura atrasada do meu cartão de crédito

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Sou Guarapuava, com muito orgulho!



Qual o tamanho do amor de uma torcida por seu time?

Um “troféu joinha” a quem inventar um aferidor deste sentimento, pois da mesma forma como seria a maior façanha da humanidade, também não deixaria de ser a coisa mais inútil de todos os tempos...

Ora, será que o amor por um time pode ser medido pela quantidade de apaixonados?
Em qualquer lugar, sim, pode.

O amor por um time pode ser medido pela fidelidade desses apaixonados?
Em qualquer lugar, e, principalmente, em Guarapuava, sim, pode.
2009 - Primeira vitória sobre Pato Branco na Chave Ouro (Foto: Klaus Pettinger)
O amor por uma equipe pode ser medido pela mobilização em torno de um objetivo comum?
Em Guarapuava, claro, sempre pode.

Mosaico na Final (Foto: Marcio Santos)

União de forças única (Foto: Marcio Santos)

O amor por esse esquadrão pode ser medido pelo(s) guerreiro(s) que se doou (doaram) eternamente por essa camisa?
Só em Guarapuava, aqui sim, pode.

Homenagem ao Guerreiro, morto em maço, defendendo as cores de Guarapuava (Foto: Marcio Santos)

O amor por esse quinteto (mais um) pode ser medido em decibéis?
Em Guarapuava? Ah, em Guarapuava, pode! E como pode!

O amor por esse símbolo pode ser medido pela freqüência com que arrepios sucedem uma simples lembrança daquele jogo, daquele lance, daquele grito de gol inesquecível?
Sim, mas não há outro lugar em que se possa.
Neto comemora 5o. gol a menos de 1min do fim (Foto: Marcio Santos)
O amor por esse quinteto (mais mil!) de guerreiros, que já têm o Joaquinzão como morada, é de alguma forma mensurável?
Até o Joaquinzão cala. Não há resposta.

Pois o amor por essa bandeira, vermelha e branca, flamulando ao som do orgulho e do amor guarapuavano é imensurável!
E o é, tão somente, em Guarapuava.

(Foto: Marcio Santos)
 Três letras, uma só paixão. Clube Atlético Deportivo, CAD! O “IF” eterno, o Guarapuava eterno, o Guerreiro, nosso Robson 18, eterno! 

Torcida reconhece a luta de cada jogador (Foto: Marcio Santos)

CAD: um luto, uma só luta: pelo inédito título do Campeonato Paranaense de Futsal Chave Ouro 2010.

E a resposta, há-la? Sim, há resposta!

O amor da mais apaixonada torcida de futsal do Brasil pode ser medido pelo que ela diz, pelo que mostra, pelo que gesticula, grita, berra, chora e, no final, sorri aliviada, de alma lavada, de cabeça erguida, de bandeira erguida, de punho erguido, de coro ensaiado, de choro ensaiado, de grito de guerra, a uma só voz, em três mil vozes, pois o amor dessa louca torcida é por Guarapuava, com muito orgulho, com muito amor!

Euforia da torcida ao apito final na vitória de virada por 5 a 4 (Foto: Marcio Santos)


Dedicado à apaixonadíssima torcida guarapuavana.

Exagero?
Pois veja isso, depois isso, aí issoisso e isso. E me diz?

P.S.: Os 3.ooo ingressos colocados à venda esgotaram-se em menos de 24 horas!!!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

"Hundert anos Solidkeit" ou "Cem Jahre Einsadão"

Ao terminar, no ano passado, a leitura da última página de “Cem Ano de Solidão” (do genial Gabriel García Márquez), tive duas certezas sobre o livro: a) ele é literal e literariamente fantástico, e b) preciso lê-lo de novo.

Como numa álgebra perfeita de quem prefere as letras aos números, decidi experimentar, literal e matematicamente, por a + b, novamente o sabor surreal desse clássico.

Como objetivos vagos possuem dedicação vaga, resolvi ler o mesmo livro, com a mesma história, do mesmo autor, mas em outra língua: a alemã. Tal qual fizeram com José Arcadio Buendía (que decepção, mas não traduziram os nomes dos personagens para o Deutsch!), podem taxar-me de lunático, mas a experiência é interessante.


Mesmo não compreendendo 100% das palavras (nem Goethe entendia...), acabei entendendo outras que a tradução para o português dificultou.


Quanto li até agora? Incríveis 32 páginas, mas, calma. É alemão, meu Freund (Freund - amigo -, não Freud)! E como bem sabe o Bope, alemão é complexo...


A tradução, contudo, é de tal maneira perfeita que é mais agradável (e até fácil) ler Hundert Jahre Einsamkeit (a tradução do título) do que ler “Meteor”, a versão alemã do tal “Ponto de Impacto”, de Dan Brown.


Abaixo uma comparação de um trecho fabuloso (como sempre, literalmente) do livro em português e em alemão. A perfeição da tradução é tamanha que parece ter sido traduzido do português para o alemão (o que suponho, e espero, não ser o caso).


Cem anos de solidão

"Quando acordaram, já com o sol alto, ficaram pasmos de fascinação. Diante deles, rodeado de fetos e palmeiras, branco e empoeirado na silenciosa luz da manhã, estava um enorme galeão espanhol. Ligeiramente inclinado para estibordo, de sua mastreação intacta penduravam-se os fiapos esquálidos do velame, entre a enxárcia enfeitada de orquídeas. O casco, coberto por uma lisa couraça de caracas e musgo tenro, estava firmemente encravado em num chão de pedras...".

Hunder Jahre Einsamkeit
“Als sie bei hohem Sonnenstand erwachten, waren sie starr vor Staunen. Dicht vor ihnen, umwachsen von Farnen und Palmen, weiss und staubig im stillen Morgenlicht, lag eine riesige spanische Galeone. Sie war leicht nach Steuerbord geneigt, von ihren ungebrochenen Masten hing zwischen den orchideengeschmünkten Takelage das schmutzige Segelwerk. Der mit einem glatten Panzer aus versteinerten Saugfischen und weichen Moos überzogene Rumpf war fest in einen Steinboden gepflanzt...“

Logica e surpreendentemente, a versão alemã é um tanto mais comprida, mas até que não muito.


Estragando um pouco o espírito nerd-intelectual desse post, fiz outra comparação.


De duas situações muito comuns no cotidiano: o atendimento em um restaurante (qualquer um, fino, rotineiro ou bar) no Brasil e o mesmo atendimento, na Alemanha.


No Brasil, o garçom chega e pergunta, cordialmente sorridente:


- Boa noite. E então, já decidiu?
- Sim, me vê por favor um Schnitzel, com batatas fritas e salada.
- Pois não, e para beber?
- Uma coca, por favor. 

Na Alemanha, o garçom chega e pergunta cordialmente... cordial (versão traduzida seguida do original):


- Boa noite. O que posso servir/oferecer ao senhor hoje?
(Guten Abend. Was darf ich Ihnen heute anbieten?)
- Eu gostaria de (ou: eu estaria querendo) receber um Schnitzel, com batatas fritas e salada, por favor. (Ich würde gerne einen Schnitzel, mit Pomes und Salad haben, bitte.)
- Com gosto. E o que seria (ou: poderia ser) para beber? (Gerne. Und was darf es zum drinken sein?)
- Eu gostaria de receber um Coca, por favor. (Ich hätte gerne eine Cola, bitte.)

Não é aula de alemão, não. Frases completas, cordialidade à flor da pele e, da mesma forma, um atendimento excelente. Esses alemães... 


Como dizia um deles, um bem mediano, por sinal: "Quem não conhece líguas estrangeiras, não sabe nada da própria", Johann Wolfgang von Goethe.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Prazer em andar de avião

Sobrevoando o Atlântico (ao fundo, a linha do Equador - viste?) 

“Olha, pai! Tudo isso é o aeroporto?”

“Não filho, isso é a cidade”.

“Nossa pai! Tão pequenininha!”.

Enquanto chutava o encosto da minha poltrona com suas pernas curtas, mas inquietas, o garotinho de talvez 4 anos deleitava-se com o rápido vôo entre São Paulo e Curitiba. Era quase meia-noite, o avião atrasara somente uma hora e 40 minutos e o ser vivo atrás de mim continuava eufórico.

Mal percebeu a decolagem, tampouco o pouso. Quando eu ainda agradecia aos céus por mais uma aterrissagem bem feita – a última de três, em apenas 16 horas – o rapazinho sonhava acordado:

- Já estou com saudades da minha cama! Pai, quando vamos voltar? Pai, já chegamos? Pai, porque o avião não está parando?

Um dos sonhos de cada criança, depois que descobre para que serve, é “andar” de avião.

Doces sonhos cândidos de infância.

“Atenção passageiros do vôo 3335, com destino a Curitiba. Por problemas técnicos no avião, seu embarque foi transferido para as 23h, podendo ser prorrogado ou adiantado”.

É tudo o que se quer ouvir de um auto-falante fanho (sim! fhhhh-a-n-h-o!!!), às 22h30 de um dia que começou 19 horas atrás na Alemanha, com escala em Amsterdã, e vôo de quase 12 horas até São Paulo.

Quem conhece o portão “1 ABC” de Guarulhos, sabe do que estou falando. Imagine uma rodoviária. Agora imagine uma rodoviária lotada. Agora imagine essa rodoviária lotada e sem lugares para sentar. Então imagine uma sardinha passando por você, desgraçadamente irônica: “Tchau, vou voltar para a minha lata, que é muito mais confortável”. Imaginou? Tirando a tirada da sardinha, nem precisei imaginar.

Irônico foi sentir vontade de sentar, após o dia inteiro num avião. Ah, que saudades daquele maldito planador. Meus pensamentos decolaram rumo ao Boeing 777-200 da KLM.

Quem nunca voou KLM, faça-o por alguns vários motivos, mas principalmente um: a comida. “Mas comida de avião é pior que de hospital! Enche, mas não satisfaz!”. Vírgula. Se a comparação for entre voar de Gol e estar internado pelo SUS, confere...

Logo depois da decolagem, o serviço de bordo jogou “panos quentes” sobre o medo dos passageiros. Digo, distribuiu aqueles lenços incandescentes para tomarmos banho de gato (depois deveriam passar com aquelas gases para tratamento de queimaduras).

Então começou o menu: Primeiro, amendoins como aperitivo. Segundo, o almoço com uma espécie de estrogonofe, um tipo de purê, um exemplar desconhecido de salada de repolho roxo doce, salada de fruta e pudim de baunilha. Depois, café ou chá. Após duas horas, suco de laranja ou água. Depois de duas horas, café ou chá. Faltando duas horas para o pouso (e já estamos na 6ª refeição), o jantar/lanche da tarde com pizza, protótipo de salada, misto de salada de fruta e projeto de pudim (tudo muito bom, aliás). Depois, café ou chá (não recomendo o café holandês). E, a uma hora do pouso, para relaxar, escolha entre um potezinho de sorvete e salgadinho “doritos”. Por fim, mais água para quem quisesse.

Só. E tudo na classe econômica. Dizem as más línguas que a primeira classe tem toalete especial para evacuação em massa (e carne)!

Quem já atravessou o oceano de TAM sabe qual a diferença. Não é assim como a GOL que te deixa morrer de fome em um vôo de 40 minutos, mas...

Agrega-se ainda a gentileza e fineza dos holandeses, a paisagem deslumbrante de Amsterdã (e arredores submersos) e uma inacreditável capacidade de pouso que chega a ser broxante de tão perfeita (talvez tenha a ver com o sistema do trem de pouso, talvez com o trem das asas, ou então é o trem entre o manche e a poltrona mesmo).

Claro que há um porém. Seriados como Mister Bean e Friends legendados em holandês é um desafio para a imaginação. Bem como entender o holandês: é como se um alemão, com três batatas quentes na boca, falasse inglês, mas com sotaque francês! Sério, por exemplo: fumar é smoke em inglês e rauchen em alemão e vira rooken em holandês. Isso que dá andar de sapato de madeira dentro de moinhos de vento abaixo do nível do mar...

De repente, sou furtado do devaneio quando uma voz familiar anuncia, como se tivesse uma piranha de cabelo no nariz, a língua presa do Lula e a voz estridente do Danilo Gentilli: “Atenção passageiros do vôo 3335, com destino a Curitiba. Seu embarque é imediato no portão 1B”.

Sentado na poltrona (sempre na janela) do avião, sonhei novamente com o protótipo de estrogonofe e degustei valentes chutes do garotinho nas minhas costas.

“Pai, por que o avião não está voando?”

“Porque eles ainda estão esperando todo mundo entrar”

“Ah, pai! Está demorando!”

Cândido sonho doce de infância. E quem não gosta de “andar” de avião? 

Amsterdã ao amanhecer (Foto: Klaus Pettinger)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Granizo em Entre Rios

Segunda-feira, 15 de novembro de 2010, 20hs, horário de Berlin. Deitado na cama de um hotel aconchegantemente aquecido, faz 2oC lá fora, o brasileiro-alemão na Alemanha recebe duas mensagens no MSN.

“Dae Klaus, beleza? Como estão as coisas por aí? Soube da tempestade que deu em Entre Rios?”

“Fala rapaz. Quando vai escrever no blog sobre a chuva de granizo na colônia?”

Apressado para o jantar, o mal-educado brasileiro-alemão na Alemanha nem respondeu aos dois amigos curiosos. “Ué, mas o WinterShow já passou...”, pensou, displicente.

Poucas horas depois, as primeiras fotos explicam a empolgação dos estimados amigos guarapuavanos. Mas a repercussão dos fatos trouxe consigo um sentimento estranho: “Pôxa vida, viajo para o destino mais importante do ano, no norte da Alemanha, sinto um frio desgraçado do inverno e então ocorre o fenômeno natural nunca antes visto pela humanidade. E nem pelos alemães-brasileiros da colônia”, desabafa o flagelado às avessas.

No dia seguinte, fotos e fatos tornaram-se por si só épicos e inimagináveis. Imagens inacreditáveis, inenarráveis, incomporáveis, imensuráveis, insuperáveis e in, digo, encantadoras pipocam  nas atualizações do Orkut. A “Pequena Europa”, como gostam de dizer os turistas, finalmente gozou de um dia de “nevasca”, há um mês do início do verão. Relatos perplexos de moradores roteirizam a trama que nem James Cameron produziria, mesmo em 3D. 

“Granizou” ou "pedregulhou" ou "caiu o sul do mundo" (o que menos importa é o adjetivo inventado) por cerca de 50 minutos ininterruptos. O acúmulo de gelo chegou a 50cm de altura, ou mais. Os carros atolaram sob o asfalto congelado (depois da chuva, a culpa pela má conservação das ruas de Entre Rios agora é... o granizo, claro! Nada a ver com administração pública. Que caia chuva de pedra por uma hora, só sobre a minha colônia, se eu estiver errado!).

Fez-se “boneco de gelo” em frente ao jardim de infância. À meia-noite, ou seja, 7 horas após o fenômeno, o gelo semi-derretido congelou-se agora em terra, formando uma gigantesca pista de patinação sem limites. No dia seguinte, ou seja, 24 horas após o ocorrido ainda jaziam agonizavam pedaços de gelo ainda não derretidos sobre os jardins desolados das casas atingidas.

É algo tão incrível, tão inacreditável, tão superlativo que só uma junção de fatores improváveis poderia tê-lo provocado. Com a voz, o sistema de meteorologia: “Trata-se de uma junção improvável de fatores, que, juntos, causaram o fenômeno incrível, inacreditável, pois, superlativo”. Essa foi a fala sempre esclarecedora de um meteorologista.
Com a voz, o furo de reportagem deste blog. “Entre os fatores, estão, claro, a condensação de vapor d`água, que transformou se em gelo e, pela força da gravidade, caiu por terra, atingindo o que havia neste trajeto vertical iniciado no céu e finado no chão”, diz o Blogueiro, mesmo sem ajuda do meteorologista.

“Outro fator determinante foi a ausência do supracitado brasileiro-alemão, hoje na Alemanha. Dotado de muito calor humano, sua presença poderia ter causado o equilíbrio necessário que teria evitado o fenômeno”, concluiu o sensato Blogueiro, sem mesmo consultar o Google ou sua modéstia.

Fato é que, nem o “homem mordendo o cachorro” (jargão jornalístico. Jargão = calão = gíria) teria proporções tão invejosamente fantásticos. Invejosamente porque o brasileiro-alemão estava desgraçadamente na Alemanha e não tirou uma única foto do maior fenômeno climático de sua terra natal. 
Imagem da pesquina no Google


“Para quem não viu, roubei umas fotos do Orkut do terceiro amigo deste post (Fontes fidedignas. Quem vive sem?)”, informa o Blogueiro, inclusive ao dono das fotos, que não foi consultado previamente (valeu Fernando Martins, dono das belas fotos raptadas).
(Foto: Fernando Martins)
 (Foto: Fernando Martins) E eu achando que vivia "cenário europeu"
(Foto: Fernando Martins) Peso do granizo causou a queda do telhado no posto de combustível
Incluo ainda dois vídeos da repercussão nacional (não vi nada sobre na Alemanha) do enorme fenômeno que também encalhou, tal qual um certo atacante.

Clique aqui (video da GloboNews), aqui (vídeo de outro jornal da RPC/Globo) e/ou aqui (vídeo amador, porém impressionante, com várias imagens pós-fenômeno - tudo absolutamente inacreditável para um morador).

Agora só falta mudar o nome do distrito: "Entre Rios das Pedras" é minha sugestão.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Você percebe que está ficando velho quando...

...chama de “antigamente” o que ocorreu há menos de duas décadas e ainda suspira o bordão “puxa, parece que foi ontem”. Ora, cara pálida, há 20 anos realmente “foi ontem”. Para quem tem 60 anos.

Contudo, o mundo mudou, as coisas (e as crianças) evoluem mais depressa, e, de repente, seu cotidiano prega dezenas de armadilhas que acabam com sua auto-estima.

E para quem é levado, rotineiramente, a repetir a frase “acho que estou ficando velho”, um alento: “sim, cara enrugada, você está ficando velho!” Mas já inventaram um Renew para cada uma das suas idades: escolha entre 25, 35, 50, 95, 120... (não é merchan, juro).

Se há 15 anos admirávamos a Polaroid com a foto dos nossos pais nos bailes supimpas dos anos 70, eis que há alguns eternos 5 anos para cá, Polaroid ficou 100 anos mais velha e sua prima rica, a máquina com filme, já recebeu seu cartão de aposentadoria do INSS.

Ok, tenho 25 anos e como me atrevo a escrever sobre “ficar velho”?! Bom, assim como você, vivi os últimos 5 anos revolucionários ultra-velhos e concluí: se o Menino Maluquinho já tem 30 anos e a Mônica, 47, eu também chegarei lá.

No intuito de exemplificar melhor essa parada meio tosca, relacionei alguns exemplos que talvez já tenham “machucado” sua “idade interior”.

Você percebe que está ficando velho...:

1 – Quando uma criança de até 10 anos já te chamar de “tio”ou “tia”, sem ser filho(a) de algum(a) irmão (ã) seu/sua;

2 – Quando outra criança de 6 anos te perguntar: “tio, o que é esse negócio aqui no celular?”. Depois de alguns segundos de incredulidade, você responde: “é a antena externa, querida” (assustador eu nunca ter percebido que os celulares não possuem mais anteninha!)

3 – Quando perguntam: “que horas são no seu celular?”

4 – Quando responde o horário e a criança, agora de 7 anos, estranha: “mas tio, por que meu celular está ‘adiantado’ em duas horas”. Após mais alguns instantes de incredulidade, percebe que, após adiantar manualmente o horário de verão, o esperto aparelho adiantou mais uma, “por conta”. Sim, via “Bluetooth” ou “wifi” ou via “BROACA - blue-ray-o'-auto-clock-ajuster”.

5 - Quando segura, pela primeira vez, o console mais estranho do videogame ainda mais esquisito jamais visto (nem botão tem!) e, antes que se pergunte, de novo, quem roubou os cabos, ele começa a vibrar, girar, pular, gritar... O inventor do Wii merece um Nobel, fato.

6 - Quando você percebe que, finalmente, desde a sua invenção, olhar para o rádio realmente faz alguma diferença (ou você nunca percebeu que quando quer ouvi-lo melhor, especialmente no carro, coloca o ouvido em direção à frente do aparelho, ao invés de procurar os alto-falantes...). Pois agora o rádio do seu carro já “diz”, nos modernos visores, o nome da música, dos cantores, do programa que está no ar, os pontos no IBOPE, pontos de radar... Já posso assistir o rádio, quem diria!?

7 – Quando chega ao Paraguai para comprar um mega Pen-Drive de 16 GB e o parágua, na maior cara de pau, informa: “djá tenemo de 128 Dgíga. Baratinho, original, tranquilo - não queimado”. Não! Cento e vinte e oito gigabytes de memória num trocinho de 3 centímetros quadrados?! Alguém me explica pra que eu comprei um HD externo no ano passado de 300 GB?!

8 – Quando uma criança, sempre elas, pergunta: “tio, onde é o botão do teu carro para poder tirar os pés?”. Alguns momentos de incompreensão e então a devassidão da conclusão: “sabe, o meu carro não tem piloto automático...”. “Por que não? Do outro tio tem...”. “É, o outro tio acabou de comprar o carro dele...”. “Quando você vai trocar o seu?!”. “...”.

9 – Quando você começa a fazer a lista do que lhe faz concluir que possivelmente está percebendo que talvez esteja realmente ficando velho.

10 – Quando alguém comentar, aqui embaixo: “mas Klaus, sério que você só percebeu tudo isso agora?!”

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Você percebe que está trabalhando demais quando...

... vários episódios normalmente esquisitos ao seu cotidiano passam a se tornar estranhamente comuns. Comer cup noodles misturado com atum (ué? carboidrato com pura proteína) no jantar, tirar mais uma sonequinha depois de desligar o terceiro soneca do segundo despertador ou chegar ao trabalho, achar que esqueceu o crachá e descobrir ao meio-dia que estava com ele pendurado no pescoço, sob o pijama (que não deu tempo de tirar antes de ir trabalhar).

Ou então, de forma mais didática.

Você percebe que está trabalhando demais...

1 – Quando chega do trabalho (já são 19hs), senta no sofá (já são 19h15) e decreta, com auto-piedade, às 20h: vou tirar o resto da segunda-feira de folga.

2 – Quando chega em casa, decide tirar o resto da segunda-feira de folga e aproveita para finalmente... dormir.

3 – Quando chega em casa, tira o resto da segunda-feira para dormir, mas acorda depois de meia hora e constata, eufórico e mentindo para o próprio cérebro: “Puxa vida, pareço novinho em folha! Vou aproveitar para adiantar o trabalho”.

4 – Quando chega do trabalho, diz que vai tirar a segunda para dormir, acorda, começa a trabalhar, mas após dois segundos de contato com o notebook sua cabeça volta a latir (sim, latir).

5 – Quando chega em casa, jura que vai descansar, não pára mais que meia hora, volta ao batente, trabalha por três horas a fio, termina o relatório grogemente satisfeito, às 23hs, e, com aquela sensação maravilhosa de dever cumprido ainda esbanja vitalidade: “Muito bem, Mister Hora-Extra! Agora você merece descansar, ler um livro, assistir o CQC... Peraí, tenho algo melhor! Zzzzzzzzzzzzzz”.

Contudo, porém, mas, no entanto, pero no mucho isso tudo é absolutamente compreensível.

Ao contrário do que se segue (uma história horripilantemente real).

O ser latente (a mente já não pensa, pressupõe) decreta que vai tirar a segunda-feira à noite de folga (achou que era exagero?). Descansar, tirar uma soneca? Não. Ele quer “aproveitar para organizar as coisas”, pois, afinal, para cada segundo de organização se ganha uma hora de... “Uhm. Pesquisa essa frase no Google pra mim, por favor, estou “meio com pressa”. Obrigado.”

O ser latejante (o pulso, pois, não pulsa mais, late) decide radicalizar: tudo o que for papel inútil, ao lixo. OK, difícil é classificar algum papel como inútil (ou você acha que folha dá em árvore?!). Portanto, tudo que se diz útil será magistralmente classificado de acordo com um assunto e colocado em diferentes pastas, com dezenas de divisórias, nas tais pastas-sanfona. Magistral, de fato.

Notas fiscais aqui, faturas ali... “Hum... Notas de garantia vão com as notas fiscais ou em nova divisória? Melhor abrir uma nova pasta”. Em meia hora, uma monstruosidade de papéis é solenemente distribuída à sorte e cuidadosamente embaralhada, desta vez de modo mais “organizado”. “Bom, foi o que aprendi com o 1º Senso, na empresa. Quando ensinarem o 2º ‘S’, talvez eu melhore...”, defende-se o ser pedante.

Três meses depois...

Cabelos recém arrancados caem das mãos nervosas e deixam um rastro de desespero atrás do Mister Organizado. “Meu, não acredito, aonde foi parar a folha com metade daquela entrevista. E nem fiz cópia de segurança. Ah, claro, a pasta “material de entrevistas””. Folha por folha, devagar e pacientemente, ele procura. “Nada. Bom, certamente está na pasta “material jornalístico””. Um por um, os papéis reduzem a esperança. “Bom, devo ter deixado na mesa, já que ainda precisaria usar”. Claro. Raciocínio magistral (lembra? A mente já não pensa, pressupõe).

Searching em “Bolinho I” de papéis acumulados dos últimos três meses sobre a mesa. Na testa, aparece um retângulo com letreiro piscante. “Wait! Pesquisando programas e arquivos...”. Nada. “Bolinho II” de papéis acumulados... Nothing. “Bolinho III”? Nadica. “Não pode ser! Eu me organizei! Eu nunca fiz isso antes e quando faço... Odeio o japa dos 5 S’s”.

Pasta de contas. Pasta de documentos. Pasta de... “Que pasta é essa aqui?”

Então, o ser latente descobre que ele mesmo, em algum momento de sua magistral organização cotidiana e mental, abriu uma nova pasta, com uma estranha divisória, contendo simpáticos papéis que deveriam, pois, estar na pasta “material de entrevistas”.


É isso. Você percebe que está trabalhando demais quando precisa descobrir algo que você mesmo, em algum momento, já inventou.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Olé de astros e de estrelas


Começou a primavera. Você deve ter percebido algo estranho hoje. Alguém ou você mesmo mais irritadiço do que de costume. Pessoas te xingando a troco de nada. E mesmo assim, todos estamos com algum bom humor. É o que os cometas diriam se tratar de outros astrônomos: isso mesmo, estamos em fase de transição.

Terra chamando Klaus. Pronto, agora sério, porque se o que estava escrito acima bateu, de alguma forma, com seu dia, bem... Obrigado, R$ 50! Se não, bem... Era óbvni que dei de astrólogo “chuvinista” em dia de sol.

Mas que os astros e estrelas andam conspirando contra nós, é sabido que só. Nas últimas semanas tenho levado alguns dribles da lua, olés das estrelas, e até um chapéu do sol (#trocadilhos4ever).

Por exemplo: fotografava feliz e contente a lua nova poente, do post abaixo. Clicks em auto-resolução aqui, clicks em alta resolução ali, até que... EURECA. Eu sabia! Essa lua estava muito estranha, parecendo mais o Gato de Alicia (do Paraguai das Maravilhas) com gengivite, do que uma lua nova.
Era um Eclipse! Claro. Veja, agora só resta uma parte da parte da parte que aparecia antes. Vou fotografar melhor daqui e... Então ouviu-se da multidão um urro inconfundível: “olé!”. A lua se punha atrás das árvores, pelo que os galhos, camuflados pela “noitidão”, faziam às vezes das sobras do malogrado “eclipse” da meia noite, que não passava de um jogo de esconde-esconde da lua para comigo!

Eclipse ou lua escondida?

Astros e Estrelas 1 X 0 Klaus e Trocadilhos

Exemplo dois: uma estrela falou comigo! Juro. Uma estrela gigante. Em fase de extinção, mas que brilhou muito, e por muitos anos, inclusive em lugares cobertos. Chamavam-na de mão-santa. Ainda chamam. Pois é, Oscar Schmitt, aquele irmão mais velho do Tadeu, do Fantástico (#maldadecôvéio). O Oscar, estrela do basquete, falou comigo. Foram poucas, porém marcantes palavras. Disse assim: “tô vendo você filmando aí, mano. Dá pra ver tudo daqui, desliga, na boa”. Ocorreu durante a palestra ministrada por ele, na terça-feira passada, em Curitiba. É. Toco de três pontos de Oscar! Pensei: "O prazer foi todo meu!".


(Suspeito que por ter entendido a piada antes de todos - leia-se soltado a gargalhada primeiro - tenha chamado a atenção do alvo. Peraí, ele disse "desliga, na boa" ou "desliga essa p*???)

Astros e Estrelas 2 X 0 Klaus e Trocadilhos

Sabe o que mais?

Gosto mesmo é do sol. Ele sim é para todos. Infelizmente, sombra e água fresca, não. Por isso costumo juntar dois em um por meio de um dispositivo ultra-revolucionário: o teto solar do Quantum, que foi do meu avô. Naqueles dias lindos de verão, abro o teto para deixar os raios do sol entrar. Fechado, o teto garante aquela sombra. E quando chove as borrachas de vedação desgastadas providenciam a entrada da água fresca. É ou não é um carro de luxo?! Feito para aquelas madames da idade do Titanic, que usavam chapéu em recintos fechados. As abas seriam ótimas calhas. Agora, se o Quantum bater num iceberg e afundar (ora, o Quantum é feito de ferro, é claro que ele afunda!) em um lamaçal por aí, essas senhoras precisariam de trocadilhos 4x4, terem nascidas viradas para a lua e serem iluminadas por um mar de estrelas para desencalhar...

Trocadilhos e Klaus 1 X 2 Astros e Estrelas


Sorria, não esqueça, a primavera chegou!

sábado, 11 de setembro de 2010

Fases de uma vida (Gastronômicas)

Em termos de conhecimento de mundo, vivemos três fases bastante nítidas (ao menos passei por três, por enquanto):

Primeira fase: na infância e adolescência, quando se aprende tudo, absolutamente tudo que é ensinado, mesmo o que não se deve e inclusive o que se aprende sozinho;

Segunda fase: pós-adolescência, início da juventude, quando o cidadão aprende a se virar “sozinho no mundo”. Condiz geralmente com a época de faculdade, quando se descobre que conta de luz tem prazo e pode ser suspensa e o lixeiro não vem buscar o lixo no seu quarto;

Terceira fase: metade da juventude em diante, quando a barriga (dos homens) começa a crescer  e começa-se a “aprender” tudo o que precisa com o colega de trabalho, os clientes, os chefes... Ou seja, é o fim do aprendizado por conta própria e início do “conhecimento compartilhado”, do tipo: que sal grosso você usa no seu churrasco, como faz para agüentar a esposa na TPM, por quanto você alugou aquele apartamento. Enfim, aprendizados tidos como megachatos nas fases anteriores, que dispensam qualquer imaginação, mas que passaram a ser fundamentais para sua subsistência na terra.

Dessas, a que eu mais gostei, na verdade, até hoje (cabe mais uma vírgula, aí?), foi a lua nova, a quarta fase (ou a primeira) lunar.

Por quê? Ora, pois, confira você mesmo.
Lua nova! Ou crescente? Uma prova, indecente

OK, ok, merchandising fotográfico concluído, voltemos ao assunto que interessa (sim, a foto não tem nada a ver com o tema).

Conclui que cheguei ao fundo do poço, conhecido como terceira fase, quando tive um “reviver” com minha segunda fase.

Aliás, minha segunda fase foi extremamente frutífera, em termos de idéias inéditas – tão inéditas que voltaram a ser inéditas mesmo depois de eu praticá-las, pois nem eu voltava a repeti-las. Exemplo mór ocorreu na cozinha, com a invenção do “mijão”, a mistura masoquista de miojo com feijão – e demais co-produtos existentes na geladeira –, típica de universitário.

Pois voltei a dar uma de universitário de terceira fase. Pronto pra balada (há quanto tempo não me preparava para uma...), bateu uma fome de bater um rango. Como não havia miojo (o cup noodle foi cogitado) nem feijão pronto, vasculhei a geladeira. Pequenos pedaços de bife de suíno temperadinhos aguardavam minha degustação. Mas havia um porém. Estavam crus!

Ora, pois, como iria fritar bife com a beca e o perfume no corpo? Cheguei a pensar em perguntar a um colega de trabalho... Mas a imaginação foi mais rápida.

O problema era o cheiro de fritura.
Teco: “Será que dá certo fazer bife no microondas?”
Tico: “Sei lá, nunca ouvi alguém do escritório dizer que fez isso antes...”
Teco: “Será que o risco não vale um post pro blog?”
Tico: “Você ainda está na primeira fase, rapá! Testa logo, pra gente provar, pois estou com fome”

Segue relato onomatopéico do ocorrido:

Pip. Um minuto. Pip, pip, pip. Mal-passado. Pip. Mais um minuto. Pip, pip, pip. Bem passado?

Uhm! Mais um prato no microondas. Pip. Dois minutos. Pip, pip, pip. Meio mal-passado. Pô, cacilda! Pip. 30 segundos. Pip, pip, pip. Bem-passado.
Uhm! Gosto de que? Imagina aquele pernil, assado no forno por 4 horas, pururuca, suculento.

Pois então, nada a ver. Pedaços mal-passados, pedaços duros, pedaços borrachudos... E o pior: tudo isso num pedaço só!
Mas a sensação de voltar à segunda fase e inventar o “ininventável” foi saborosa. Pip!

sábado, 4 de setembro de 2010

Ex-tiagem

Neste exato momento, rojões pipocam por todos os lados, iluminando o céu nublado da região. OK, trata-se de um casamento, mas os fogos poderiam festejar um momento ainda mais simbólico do que um matrimônio (vou apanhar em casa): a chuva!

Sim! Choveu em Entre Rios, distrito de Guarapuava (PR). A cidade (famosa por ser) normalmente tão fria, amanheceu com uns 18
OC e anoiteceu com, no máximo, uns 10oC (sem contar os ventos gelados, que aqui fazem a curva).

Há algo de errado com o tempo, isso todo mundo sabe. Mas neste momento deve estar uns 22
oC dentro de casa, ainda quente e seca pela forte estiagem dos últimos 14 dias. Lá fora, o vento sopra, uiva, querendo fazer valer seu novo estado de espírito: 5oC. E congelando.

O que caiu do céu hoje não pode ser chamado de chuva. Aliás, eu quase não reconheci os pingos gelados. “Vou parar de fotografar curucacas, eles se vingam “mirando” em mim!”, imaginei. Não, ao contrário das pombas com mira a laser, dos Mamonas Assassinas, o tiro fatal na verdade era uma leve garoa!

Tive que registrar este momento histórico:
Chuva chegando!
Prova de que chuviscou pela primeira vez em décadas (ao menos o estado do carro sugere a parte das "décadas")
Ao menos essa mudança drástica de clima proporcionou belos espetáculos naturais:

Curucacas, sempre...
Pôr-do-sol nas nuvens - em todos os sentidos (01.09.10)
Após algumas semanas, o sol voltou a se pôr no horizonte (e não "nas nuvens") - 04.09.10

Beldade que beira a maldade.
E há quem trabalhe nestas condições adversas...

Amém e que venha mais, ó céus!

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Vote em mim, ria de mim...

 ... eleja a mim, não, não vote nele!

Que a política brasileira é uma palhaçada, qualquer molusco sabe. Mas como aproveitar ao máximo esse "mar de democracia"?

Além do horário eleitoral gratuito, o TSE fez o favor de divulgar em seu site todas as informações impossíveis e inimagináveis do seu, do meu, do nosso candidato preferido (e até dos inaptos para tanto).

Do Pará ao Paraná, do Oiapoque ao Chuí, o negócio é se divertir.
Acompanhe algumas dicas:

1 – Primeiro Acesse:

2 – Depois, escolha o estado de sua preferência.
a)  Para nomes esdrúxulos, procure em São Paulo, Rio de Janeiro ou Nordeste (sem preconceito, é constatação).


b)  Para inacreditáveis declarações de bens, procure em Mato Grosso (do Norte e do Sul)
c)
  
Se você não quer ver declaração de bens, clique em “ctrl L”e digite “pastor” (qualquer estado).
d)
  
Se você quer tragédia (Inapto por Falecimento), clique em Acre.

3) Atenção. Abaixo selecionei alguns candidatos (a deputado estadual) de acordo com suas principais habilidades. As acepções são baseadas única e exclusivamente nas informações que dispomos dos mesmos (e dos candidatos também), do site do TSE. Trata-se de uma escolha completamente ao acaso (com exceção dos candidatos guarapuavanos, brindados pelo acaso de serem conhecidos por este blog).


A.      Candidato Matemático: http://divulgacand2010.tse.jus.br/divulgacand2010/jsp/abrirTelaDetalheCandidato.action?sqCand=30000000640&sgUe=AP


D.      A delegada mais transparente do Brasil (vide detalhadíssima declaração de bens): http://divulgacand2010.tse.jus.br/divulgacand2010/jsp/abrirTelaDetalheCandidato.action?sqCand=30000000293&sgUe=AP

H.
      O Incrível (compare os bens com de 2008 – que crise, que nada!): http://divulgacand2010.tse.jus.br/divulgacand2010/jsp/abrirTelaDetalheCandidato.action?sqCand=240000000032&sgUe=SC#

K.
      O investidor (vide aplicação ‘5 estrelas’):

L.
       O pára-quedista

M.
    O declarante estagnado (diferença de R$ 64,63 entre as declarações de 2008 e 2010)
N.     O bom funcionário (vide empréstimo ao irmão do ex-chefe)

O.
     O contrário de 1,99 (comprou tudo por R$ 0,01)

P.
      O chamador:

Q.
     ... Morreu (completando o nome do candidato):

Lembrando que esta lista não foi baseada sob qualquer ótica partidária, com uma exceção: O Partido de Tanto Rir.
Ok, é mais trágico que cômico.

Ao final, duas constatações: 
1 - não declarar os bens, à essa altura, é um tiro no pé; declarar requer muita coragem. 
2 - Segundo: nome chamativo é chamativo para qualquer tipo de situação (para o bem e para o mal).