sábado, 11 de setembro de 2010

Fases de uma vida (Gastronômicas)

Em termos de conhecimento de mundo, vivemos três fases bastante nítidas (ao menos passei por três, por enquanto):

Primeira fase: na infância e adolescência, quando se aprende tudo, absolutamente tudo que é ensinado, mesmo o que não se deve e inclusive o que se aprende sozinho;

Segunda fase: pós-adolescência, início da juventude, quando o cidadão aprende a se virar “sozinho no mundo”. Condiz geralmente com a época de faculdade, quando se descobre que conta de luz tem prazo e pode ser suspensa e o lixeiro não vem buscar o lixo no seu quarto;

Terceira fase: metade da juventude em diante, quando a barriga (dos homens) começa a crescer  e começa-se a “aprender” tudo o que precisa com o colega de trabalho, os clientes, os chefes... Ou seja, é o fim do aprendizado por conta própria e início do “conhecimento compartilhado”, do tipo: que sal grosso você usa no seu churrasco, como faz para agüentar a esposa na TPM, por quanto você alugou aquele apartamento. Enfim, aprendizados tidos como megachatos nas fases anteriores, que dispensam qualquer imaginação, mas que passaram a ser fundamentais para sua subsistência na terra.

Dessas, a que eu mais gostei, na verdade, até hoje (cabe mais uma vírgula, aí?), foi a lua nova, a quarta fase (ou a primeira) lunar.

Por quê? Ora, pois, confira você mesmo.
Lua nova! Ou crescente? Uma prova, indecente

OK, ok, merchandising fotográfico concluído, voltemos ao assunto que interessa (sim, a foto não tem nada a ver com o tema).

Conclui que cheguei ao fundo do poço, conhecido como terceira fase, quando tive um “reviver” com minha segunda fase.

Aliás, minha segunda fase foi extremamente frutífera, em termos de idéias inéditas – tão inéditas que voltaram a ser inéditas mesmo depois de eu praticá-las, pois nem eu voltava a repeti-las. Exemplo mór ocorreu na cozinha, com a invenção do “mijão”, a mistura masoquista de miojo com feijão – e demais co-produtos existentes na geladeira –, típica de universitário.

Pois voltei a dar uma de universitário de terceira fase. Pronto pra balada (há quanto tempo não me preparava para uma...), bateu uma fome de bater um rango. Como não havia miojo (o cup noodle foi cogitado) nem feijão pronto, vasculhei a geladeira. Pequenos pedaços de bife de suíno temperadinhos aguardavam minha degustação. Mas havia um porém. Estavam crus!

Ora, pois, como iria fritar bife com a beca e o perfume no corpo? Cheguei a pensar em perguntar a um colega de trabalho... Mas a imaginação foi mais rápida.

O problema era o cheiro de fritura.
Teco: “Será que dá certo fazer bife no microondas?”
Tico: “Sei lá, nunca ouvi alguém do escritório dizer que fez isso antes...”
Teco: “Será que o risco não vale um post pro blog?”
Tico: “Você ainda está na primeira fase, rapá! Testa logo, pra gente provar, pois estou com fome”

Segue relato onomatopéico do ocorrido:

Pip. Um minuto. Pip, pip, pip. Mal-passado. Pip. Mais um minuto. Pip, pip, pip. Bem passado?

Uhm! Mais um prato no microondas. Pip. Dois minutos. Pip, pip, pip. Meio mal-passado. Pô, cacilda! Pip. 30 segundos. Pip, pip, pip. Bem-passado.
Uhm! Gosto de que? Imagina aquele pernil, assado no forno por 4 horas, pururuca, suculento.

Pois então, nada a ver. Pedaços mal-passados, pedaços duros, pedaços borrachudos... E o pior: tudo isso num pedaço só!
Mas a sensação de voltar à segunda fase e inventar o “ininventável” foi saborosa. Pip!

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