...chama de “antigamente” o que ocorreu há menos de duas décadas e ainda suspira o bordão “puxa, parece que foi ontem”. Ora, cara pálida, há 20 anos realmente “foi ontem”. Para quem tem 60 anos.
Contudo, o mundo mudou, as coisas (e as crianças) evoluem mais depressa, e, de repente, seu cotidiano prega dezenas de armadilhas que acabam com sua auto-estima.
E para quem é levado, rotineiramente, a repetir a frase “acho que estou ficando velho”, um alento: “sim, cara enrugada, você está ficando velho!” Mas já inventaram um Renew para cada uma das suas idades: escolha entre 25, 35, 50, 95, 120... (não é merchan, juro).
Se há 15 anos admirávamos a Polaroid com a foto dos nossos pais nos bailes supimpas dos anos 70, eis que há alguns eternos 5 anos para cá, Polaroid ficou 100 anos mais velha e sua prima rica, a máquina com filme, já recebeu seu cartão de aposentadoria do INSS.
Ok, tenho 25 anos e como me atrevo a escrever sobre “ficar velho”?! Bom, assim como você, vivi os últimos 5 anos revolucionários ultra-velhos e concluí: se o Menino Maluquinho já tem 30 anos e a Mônica, 47, eu também chegarei lá.
No intuito de exemplificar melhor essa parada meio tosca, relacionei alguns exemplos que talvez já tenham “machucado” sua “idade interior”.
Você percebe que está ficando velho...:
1 – Quando uma criança de até 10 anos já te chamar de “tio”ou “tia”, sem ser filho(a) de algum(a) irmão (ã) seu/sua;
2 – Quando outra criança de 6 anos te perguntar: “tio, o que é esse negócio aqui no celular?”. Depois de alguns segundos de incredulidade, você responde: “é a antena externa, querida” (assustador eu nunca ter percebido que os celulares não possuem mais anteninha!)
3 – Quando perguntam: “que horas são no seu celular?”
4 – Quando responde o horário e a criança, agora de 7 anos, estranha: “mas tio, por que meu celular está ‘adiantado’ em duas horas”. Após mais alguns instantes de incredulidade, percebe que, após adiantar manualmente o horário de verão, o esperto aparelho adiantou mais uma, “por conta”. Sim, via “Bluetooth” ou “wifi” ou via “BROACA - blue-ray-o'-auto-clock-ajuster”.
5 - Quando segura, pela primeira vez, o console mais estranho do videogame ainda mais esquisito jamais visto (nem botão tem!) e, antes que se pergunte, de novo, quem roubou os cabos, ele começa a vibrar, girar, pular, gritar... O inventor do Wii merece um Nobel, fato.
6 - Quando você percebe que, finalmente, desde a sua invenção, olhar para o rádio realmente faz alguma diferença (ou você nunca percebeu que quando quer ouvi-lo melhor, especialmente no carro, coloca o ouvido em direção à frente do aparelho, ao invés de procurar os alto-falantes...). Pois agora o rádio do seu carro já “diz”, nos modernos visores, o nome da música, dos cantores, do programa que está no ar, os pontos no IBOPE, pontos de radar... Já posso assistir o rádio, quem diria!?
7 – Quando chega ao Paraguai para comprar um mega Pen-Drive de 16 GB e o parágua, na maior cara de pau, informa: “djá tenemo de 128 Dgíga. Baratinho, original, tranquilo - não queimado”. Não! Cento e vinte e oito gigabytes de memória num trocinho de 3 centímetros quadrados?! Alguém me explica pra que eu comprei um HD externo no ano passado de 300 GB?!
8 – Quando uma criança, sempre elas, pergunta: “tio, onde é o botão do teu carro para poder tirar os pés?”. Alguns momentos de incompreensão e então a devassidão da conclusão: “sabe, o meu carro não tem piloto automático...”. “Por que não? Do outro tio tem...”. “É, o outro tio acabou de comprar o carro dele...”. “Quando você vai trocar o seu?!”. “...”.
9 – Quando você começa a fazer a lista do que lhe faz concluir que possivelmente está percebendo que talvez esteja realmente ficando velho.
10 – Quando alguém comentar, aqui embaixo: “mas Klaus, sério que você só percebeu tudo isso agora?!”