quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Granizo em Entre Rios

Segunda-feira, 15 de novembro de 2010, 20hs, horário de Berlin. Deitado na cama de um hotel aconchegantemente aquecido, faz 2oC lá fora, o brasileiro-alemão na Alemanha recebe duas mensagens no MSN.

“Dae Klaus, beleza? Como estão as coisas por aí? Soube da tempestade que deu em Entre Rios?”

“Fala rapaz. Quando vai escrever no blog sobre a chuva de granizo na colônia?”

Apressado para o jantar, o mal-educado brasileiro-alemão na Alemanha nem respondeu aos dois amigos curiosos. “Ué, mas o WinterShow já passou...”, pensou, displicente.

Poucas horas depois, as primeiras fotos explicam a empolgação dos estimados amigos guarapuavanos. Mas a repercussão dos fatos trouxe consigo um sentimento estranho: “Pôxa vida, viajo para o destino mais importante do ano, no norte da Alemanha, sinto um frio desgraçado do inverno e então ocorre o fenômeno natural nunca antes visto pela humanidade. E nem pelos alemães-brasileiros da colônia”, desabafa o flagelado às avessas.

No dia seguinte, fotos e fatos tornaram-se por si só épicos e inimagináveis. Imagens inacreditáveis, inenarráveis, incomporáveis, imensuráveis, insuperáveis e in, digo, encantadoras pipocam  nas atualizações do Orkut. A “Pequena Europa”, como gostam de dizer os turistas, finalmente gozou de um dia de “nevasca”, há um mês do início do verão. Relatos perplexos de moradores roteirizam a trama que nem James Cameron produziria, mesmo em 3D. 

“Granizou” ou "pedregulhou" ou "caiu o sul do mundo" (o que menos importa é o adjetivo inventado) por cerca de 50 minutos ininterruptos. O acúmulo de gelo chegou a 50cm de altura, ou mais. Os carros atolaram sob o asfalto congelado (depois da chuva, a culpa pela má conservação das ruas de Entre Rios agora é... o granizo, claro! Nada a ver com administração pública. Que caia chuva de pedra por uma hora, só sobre a minha colônia, se eu estiver errado!).

Fez-se “boneco de gelo” em frente ao jardim de infância. À meia-noite, ou seja, 7 horas após o fenômeno, o gelo semi-derretido congelou-se agora em terra, formando uma gigantesca pista de patinação sem limites. No dia seguinte, ou seja, 24 horas após o ocorrido ainda jaziam agonizavam pedaços de gelo ainda não derretidos sobre os jardins desolados das casas atingidas.

É algo tão incrível, tão inacreditável, tão superlativo que só uma junção de fatores improváveis poderia tê-lo provocado. Com a voz, o sistema de meteorologia: “Trata-se de uma junção improvável de fatores, que, juntos, causaram o fenômeno incrível, inacreditável, pois, superlativo”. Essa foi a fala sempre esclarecedora de um meteorologista.
Com a voz, o furo de reportagem deste blog. “Entre os fatores, estão, claro, a condensação de vapor d`água, que transformou se em gelo e, pela força da gravidade, caiu por terra, atingindo o que havia neste trajeto vertical iniciado no céu e finado no chão”, diz o Blogueiro, mesmo sem ajuda do meteorologista.

“Outro fator determinante foi a ausência do supracitado brasileiro-alemão, hoje na Alemanha. Dotado de muito calor humano, sua presença poderia ter causado o equilíbrio necessário que teria evitado o fenômeno”, concluiu o sensato Blogueiro, sem mesmo consultar o Google ou sua modéstia.

Fato é que, nem o “homem mordendo o cachorro” (jargão jornalístico. Jargão = calão = gíria) teria proporções tão invejosamente fantásticos. Invejosamente porque o brasileiro-alemão estava desgraçadamente na Alemanha e não tirou uma única foto do maior fenômeno climático de sua terra natal. 
Imagem da pesquina no Google


“Para quem não viu, roubei umas fotos do Orkut do terceiro amigo deste post (Fontes fidedignas. Quem vive sem?)”, informa o Blogueiro, inclusive ao dono das fotos, que não foi consultado previamente (valeu Fernando Martins, dono das belas fotos raptadas).
(Foto: Fernando Martins)
 (Foto: Fernando Martins) E eu achando que vivia "cenário europeu"
(Foto: Fernando Martins) Peso do granizo causou a queda do telhado no posto de combustível
Incluo ainda dois vídeos da repercussão nacional (não vi nada sobre na Alemanha) do enorme fenômeno que também encalhou, tal qual um certo atacante.

Clique aqui (video da GloboNews), aqui (vídeo de outro jornal da RPC/Globo) e/ou aqui (vídeo amador, porém impressionante, com várias imagens pós-fenômeno - tudo absolutamente inacreditável para um morador).

Agora só falta mudar o nome do distrito: "Entre Rios das Pedras" é minha sugestão.

2 comentários:

João disse...

Conforme-se meu caro, nem mesmo quem estava a poucos quilômetros de "Entre Rio das Pedras" (gostei! hahaha)pode estar lá para ver tanto gelo ou presenciar a surpresa de fenômeno tão superlativo. Fiquei louco pra ir lá conferir in loco, mas o combustível do Johnmóvel não era suficiente... Sou solidário a teus sentimentos.

Irene M Stock disse...

Ola td bem ai na Alemanha?
Quando a nossa querida colonia ficou toda branca e assustadora...falei para a Dani: ai, o Klaus está perdendo!!! Não está aqui para tirar aquelas lindas fotos que sempre tira...pena mesmo!!!
Mas ânimo cara, com certeza ai na linda Alemanha vc fará outras lindas fotos...rsrsrs.
Abraços e bom proveito. Irene